sexta-feira, 5 de setembro de 2014

É você


Tem vidros quebrados no chão e um punhado de sangue em cada caco deles, não há onde olhar meu rosto e ver o estrago que as suas unhas grandes e pontudas fez nele, só sinto meu sangue pingando e minha cabeça doendo, estico meus braços pra cima, você está encolhida em um canto qualquer do meu quarto, com a cabeça entre os joelhos, os ombros tremendo e te ouço choramingar como uma garotinha que se perdeu dos pais no supermercado em dia de domingo.

Estou um pouco confuso, confesso, lembro de você gritando comigo, mas não á nada novo, você sempre grita comigo, lembro de ter bebido muitas, lembro de estarmos juntos no bar do Coelho, mas de repente eu estava só, e você estava rindo e dançando do outro lado, e depois, lembro de sangue, eu tinha batido em alguem? Não lembro o nome dele, Deus, não lembro nem do rosto dele.

Talvez isso não seja tão louco quanto parece, mas você é tão cega e obsessiva quanto eu, e agora meu quarto está afundado nos "talvez" que sempre me assombram, e de repente me vejo no escuro e sozinho, não gosto de ficar sozinho, penso coisas loucas quando estou só, minha cabeça ganha vozes que não consigo identificar e de repente tudo fica vermelho e vejo somente seu rosto, manchado pela maquiagem borrada e seus olhos inchados.

Dai me dou conta que não reconheço minha própria força.


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