Aos dezoito...

 

 

Ao contrário do que planejava quando criança, não me senti nenhum pouco realizada na maior idade, estou mais confusa e perdida do que quando ainda conservava minhas bonecas, é sempre interessante quando lembro das minhas ideias na infância, parecia ser outra pessoa sabe?

 

Imaginava estar casada e com filhos aos vinte - na época pra mim essa era uma grande idade -, cursando faculdade, em um curso que me desse dinheiro suficiente pra encher meu quarto de bonecas e brincar com minhas crianças de verdade, meu sonho não podia ser mais domestico, eram bonecas parecendo bebes que meus pais me davam no Natal, não lápis e caderno ou livros para colorir. Era brincando de ser gente grande que eu ainda era criança.

 

Mas a idade chegou, e com ela pensamentos mais maduros e convictos, a certeza de que eu poderia ser o que quisesse era cada vez mais forte, mas aos dezoito, noticiários ficaram mais atrativos, as campanhas de publicidade passaram á fazer sentido e eu não tinha mais nenhuma boneca pra brincar de ser gente grande eu era gente grande. Gente que trabalhava e parecia nos padrões certos, não uma garotinha assustada e perdida no próprio mundo.

 

Os dezoito anos derrubou minhas facetas, não casei, não tive minhas crianças de verdade e nem um trabalho com salario milionário, porque aos dezoito descobri que a vida era mais extensa e larga que os caminhos que desenhei em sala de aula, que nem todos os dias havia um sol amarelo com passarinhos cantando ao redor, e agora, prestes á sair dos dezoito me sinto cada vez mais distante daquela garotinha de olhar tímido e sorriso contido no porta retrato do quarto da minha mãe.

 

Ei Kamila de quinze anos atrás, dezoito anos não é uma idade lá muito divertida.