Excluindo vestígios

Eu tenho uma gaveta. Ela não é muito grande ou bonita, na verdade é bem simples e, em meio á tantos móveis lustrosos passa despercebida por todos. Mas nunca por mim. Ela fica bem no centro do meu quarto e bem á mão, é útil e prática pra por aquelas recordações de menina-carente, aqueles textos que ninguém além de você deve ler, aqueles mal escritos e cheios de sentimentalismo inocente. Eu amo essa gaveta, ninguém nunca pensa em mexer ali ou imagina encontrar uma parte tão secreta e vulnerável minha, mas minha gaveta super-secreta está cheia de sentimentalismo bobo e sonhos que nunca irei cumprir, tem muitos papeis que fedem á coisa velha e anotações que nem lembro mais de ter escrito, e hoje, quando escrevi novas estradas, criei horizontes e tracei novos planos descobri que não tinha mais lugar na minha gaveta pra guardá-los.

Era muita coisa junta que impedia até mesmo de abrir. Com dor no coração descobri que pra acrescentar coisas novas na minha vida eu teria que desfazer das antigas, jogar fora papeis mal escritos, sonhos nunca realizados, um passado tão inocente quanto incoerente. Minha gaveta deveria está vazia como nova pra receber meu novo eu, mas era muita coisa, muitas lembranças.

Decidi começar aos poucos, jogando que não tinha salvação fora, usando o espaço que se abria pra abrigar papeis bem escritos e não amassados, salvando o que tinha jeito, fazendo uma limpeza na minha vida e na minha gaveta.

Como diria Crhis, um dos muitos novos personagens que irei acrescentar na minha gaveta, "é necessário colocar uma pessoa nova no seu presente pra exlcuir de vez aquele do seu passado".